quarta-feira, 30 de maio de 2012

Dama das flores



Dama das flores

Chamas por mim entre a batalha
Onde a espada é algoz do destino
Cavalheiro  em andanças, não falha
Certeiro nos golpes, não o subestimo.

No cimo dos meus pensamentos
Encontro-o afável, amoroso
Mãos sutis, dono de encantamento
Avançando  a linha, é  tão perigoso

Desabrigada de meu pudor
Nua em flor exalando perfumes
Minha face  em pleno esplendor

Lua sem fase definida em fulgor
Olvido-me  dos meus queixumes
Para viver  em paz com o amor!

Uma moça chamada Juventude

Uma moça chamada juventude!

Escapam por entre dedos a luz da catedral
A moça segue pela escadaria com seu véu
Que olhos são aqueles que me fazem lembrar
Do olhar meigo de minha mãe  quando parti

Um perfume doce de flores recém- colhidas,
Flor da flor de campo, a caminhar pelas ruas
Meu pensamento a  perseguir...Recordações!
Creio que ela é um anjo que Deus enviou

Lembranças tantas invadem minha alma
A poesia  torna-se fantasia feminina
Na rima dos passos cadenciados da dama
Angelical, elevo-me ao imenso  azul céu

Perdida na claridade encontro o passado
Estrelas abraçam-me maternalmente
A lua veste-me de fios prateados
Vejo então o futuro:

Os anos dourados da minha velhice
Num livro que a vida fez escrever
A moça então sorri  e me diz adeus
O tempo passou  na leveza de uma pena
Das asas dos dias em que me esqueci
Que a vida é uma dádiva!





quarta-feira, 23 de maio de 2012

Pedra e flor



Vem a flor, vem a pedra
Sons de primavera olorosa
Silêncio de alma, pedra


Vem a chuva, vem o sol
Lágrimas sentidas, pedra
Abrem-se as feridas


Vem o dia, vem a noite
Sonhos e quimeras,...
No escuro a morte me espera!
.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.

Pedra no caminho atrapalha
Descalça piso nas minhas dores
Horrores do dia da batalha
Tudo perde o sentido, as cores


Os olhos extremados e poalha
Nos canaviais silêncio e vapores
Poderoso é o fio da navalha
O que será dos meus amores?

Amanhã não haverá caminho
Nem lágrimas para derramar
O amanhã chegará de mansinho

Não disse adeus ao meu vizinho
Estou só e tenho um voo a alçar
Irei mesmo sabendo do torvelinho!

Esse poema foi feito em homenagem a Leyla Quintana, poetisa salvadorenha, que partiu
na flor da idade.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Carruagem do destino


Carruagem do destino


Hoje meu nobre senhor
Fidalgo dos sonhos meus
Não tenho olhos nubentes
Trouxe minha alma ferida
Pelas incertezas desta vida

Estive por estradas inócuas
Sem muitas pretensões e afãs
Busquei amores e vi a perfídia
Se chorei já não me lembro...
Sei apenas que vivi além

Além do paraíso almejado
da suposta felicidade e em
frivolidades perdi a juventude.
Um fio de esperança sobrevive.
Talvez a carruagem do destino
nos alcance em tempo...
Talvez, talvez....Recomeçar!

Presságio


Presságio

Eis o momento em que o silêncio
é o principal personagem
Ele me olha por horas, sombrio
Paciente por vezes...Bobagem

Tento deter o tempo fugidio
Arrepios de futuro me sacodem
Agulhas finas num corpo vazio
Penetram a alma e me dividem

Seriam os poetas seres mágicos?
Sofrem de dores indizíveis
e no final tudo tem que ser trágico?

Será que a vida é um adágio?
A passos lentos e incansáveis
escrevo minha estória...Presságio!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Amor amante



Quem sou eu depois de tanto tempo?
Sou água obediente correndo mansa
Sou terra mãe espalhando sementes
Sou luz que emana dos olhos teus
Sou céu estrelado quando sorrio.

Perguntas se ainda há amor?
Digo: imensurável como o mar
sobrevive em meu peito amoroso
toda a ternura, a fascinação d'antes
Sou aurora quando desperto do sonho
sou anoitecer quando em teus braços

Calas-me então com um beijo demorado
Inebriado ante minha sincera confissão
Meus olhos perdem-se no infinito...
Não sei do futuro, sei que apenas hoje
sou aquela mesma menina esperança
que tu juraste amor e que com ela se casou!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Claudia Lars


Claudia Lars

Rosa gris que cresce na profundidade
Nas pedras calcinadas pelo tempo
Os espinnhos não lhe tiram a beldade
Tão pouco a vida foi um passatempo

Talvez chegasse a ti um belo rapaz
em formosura de vestes espectrais
Desinibida tu o beijaria voraz
Olvidando-te de todos os teus ais

Tu fugirias em busca de mais poesia
Com a graciosidade da flor acesa
Umedecida pela noite de mil fantasias

O vento vibraria com força, em demasia
Tua pétalas macias com toda leveza
Exporiam aquilo que faz cantar a cotovia!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Simplicidade





Simplicidade


Simplicidade encontro na natureza
o silêncio das pedras em contraste
com o gorjear dos pássaros, beleza
Águas nas corredeiras sem devaste

Correm ansiosas, busca oceânica
E o mar as espera de braços abertos
Encontro de mel e sal, a botânica
marinha se enriquece, mar referto

A zoologia se fortalece com moluscos,
invertebrados e tantos habitantes
que sobrevivem em águas profundas

Simplicidade encontro na noite, o fusco
projetando a branca lua, dama reinante
por entre estrelas, paisagem rotunda

Simplicidade encontro no solo, na terra
Chão que fez brotar a vida, nossa vida
As flores que ornam os campos, as serras

Que enfeitam e perfumam o existir
que nos acompanha também ao partir
Simplicidade em tantas minúcias porvir!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Alfonsina Storni


Olhos misteriosos,
mulher menina,
flor e poesia.
~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.


Oh! Mar que abraças as almas
A mirar tuas águas caudalosas
Aperta-me o peito, dias sem calma
Turbilhão de dores, ondas alterosas

Entrego-me ao canto da sereia
A paz pode visitar-me eternamente
O amor, a dor, a lua vagueia
Em Buenos Aires, sol ardente

Ódio, paixão, um céu de claridade
Mulher, amante, assim me queres
Rosa branca, sem mais vaidades

Vou dormir despida da idade
Nua em palavras, sem poderes
Vou levar a poesia e a mocidade!



segunda-feira, 14 de maio de 2012

Pássaro real


Pássaro real

Quanta ternura vi em teu olhar
Alçando voo ao espaço celeste
onde nuvens infinitas a pairar
Como seda pura, macia, o reveste

O céu da tua pátria mãe, enluarado
Ornado de estrelas, deusas oníricas
num bailado magistral de um fado
segredos da tua vida tão lírica

Soubesses tu da minha idolatria
que perdida me fiz nos caminhos
de tua íris, divagando na magia
fazer de teus braços o meu ninho

Homem menino, tal pássaro real
que desvenda novos paraísos
num piscar de olhos, libidinal
Ora surges, ora vais sem aviso

Soubesses tu dos meus anseios
Femininos desejos, a lascívia
do calor que emana dos meus seios
fixavas residência em minha geografia!



sexta-feira, 11 de maio de 2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A poesia


A poesia


Sobre a claridade da manhã
minha sombra corre feliz
por entre arvoredos verdejantes

Sou viajante de um tempo
onde palavras voam ao vento
para dentro do meu ser

Sou escultura, desenho,
forma feminina, a flor
Rosa escarlate

Sou cor, sabor e odor
da fruta recém-colhida
quente e macia

Sou pluma das asas
de um anjo protetor
Leve como o amor

Sou bailarina, lírica
Eu sou a rima entre sol e lua
Noite constelada de versos

Sou a doce imaginação,
o fluir dos pensares,
aurora boreal,
o encantamento, a magia
Sou a poesia!


poesía




En la luz de la mañana
mi sombra es feliz
en medio de arboledas verdes


Yo soy un viajero del tiempo
donde las palabras vuelan en el viento
y dentro de mi ser


Soy una escultura, dibujo,
forma femenina, la flor
Scarlet Rose


Soy el color, sabor y olor
frutas recién cosechadas
cálido y suave


Yo alas de plumas
un ángel de la guarda
La luz como el amor


Yo soy un bailarín, lírica
Yo soy la rima entre el sol y la luna
La noche con tachuelas en la canción


Yo soy la imaginación dulce,
pensar en el flujo,
aurora boreal,
encanto, la magia
Yo soy la poesía!


terça-feira, 8 de maio de 2012

Escolha

Escolha

Reconheço a lua que vagueia na noite
Trazendo raios prateados de madeixas
descabeladas pelos ventos do sul.
Reconheço as estrelas em ápice, lux
advindo de um céu azulinho onde
gaivotas fazem o voo de anjos em festa.
Reconheço as águas do mar onde caracóis
e sereias escondem-se na profundidade
oceânica, libertando sais e odores exóticos.
Reconheço a terra vermelha, o barro, a
pintura no rosto do índio brasileiro.
Reconheço minha pátria, minha mãe,
minha casa e
o homem que escolhi para ser meu!