quarta-feira, 10 de abril de 2019


Exatamente só

A docilidade dos ventos e a brisa do mar
Fazem as sombras balançarem na paisagem
Refúgio das horas em que busquei um rosto.
Meu ser dramático e um tanto envelhecido,
Traz as marcas da vida cujas memórias
Estão guardadas em um armário de bugigangas.
Tantas inutilidades e reações impensadas,
Traduzem o vazio que trago no peito.
Fui aquilo que hoje condeno, a solidão
É minha aliada.
E exatamente só, encho os cinzeiros com
As pontas soltas daquilo que poderia ter sido.



Não lamento

Dentro da caixa dos sonhos
Onde o amor em sua sublime
Determinação,
Supera os obstáculos,
Há também a decepção.
Vivemos a magia, a surpresa
Num contexto de paixão.
Depois resta-nos a morte
Interior, como o azeviche
Noturno que invade o coração.

Não lamento aquilo que passou,
Apenas a debalde recordo.
Melhor seria não ter te conhecido,
Mas o que seria de minhas memórias,
Vazia de amor e sem sentido?


Intolerância

Palavras que ressoam na mente
Sensível à frequência universal
Direi que as capto docemente
Trago à vida poesia transcendental

Então aos decrépitos deixo a real
Aos néscios uma pitada mormente
Das frases mal rimadas e sem final
Afinal engedrar o sutil e o premente

É algo que aperta o sapato d’alguns
Ou os lábios das mais belas damas
Quando o flux dá sentido aos sobrecomuns
Lampejos de sentires tocam a alma

Com calma ajeito os rascunhos
Dou um passeio pela concordância
(Nariz torcido dos sábios de plantão).
Levanto as mãos com força dos punhos
Cinco minutos e eis o poema da intolerância!