Sintonias
Um dedo de prosa
feriu-se nos espinhos
da rosa dos ventos
intento de querer
que o céu seja sempre
cor de rosa
As mãos então
recolheram-se
vingando-se do papel
que o espreitava
em dor as palavras
choravam
lamentavam-se
Nem sempre um
porre gera inspiração
nem sempre a alegria
vem bêbada
nem a fantasia faz-se
opção
o óbvio da pena
é que o tinteiro
é coisa do passado
o óbvio da poesia
está nos laços de fitas
dos presentinhos
que a natura nos empresta
O poema vem do íntimo
captá-lo depende das
ondas astrais
Sintonias em frequências
atemporais
Lembra-se da cantoria
dos pardais?