sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sintonias



Sintonias




Um dedo de prosa

feriu-se nos espinhos

da rosa dos ventos

intento de querer

que o céu seja sempre

cor de rosa



As mãos então

recolheram-se

vingando-se do papel

que o espreitava



em dor as palavras

choravam

lamentavam-se



Nem sempre um

porre gera inspiração

nem sempre a alegria

vem bêbada

nem a fantasia faz-se

opção



o óbvio da pena

é que o tinteiro

é coisa do passado



o óbvio da poesia

está nos laços de fitas

dos presentinhos

que a natura nos empresta



O poema vem do íntimo

captá-lo depende das

ondas astrais

Sintonias em frequências

atemporais



Lembra-se da cantoria

dos pardais?





Maria Bethânia dos Orixás




Oyá tetê oyá, olha o vento a chegar

Balançou o bambuzal

Se és bale ou onira o ori saberá

Guerreira, olha os atabaques a te saudar

Vem lá da Bahia, Purificação e bem amar

Ah moça bonita, abelha rainha do Ketu

Voz da mãe África , Oxóssi a abençoar

Xangô para fortalecer todos os tabús

Iansã a te iluminar e o Brasil a aplaudir

Olha o vento, ave Maria a deusa vai cantar

Balançou o bambuzal

Oyá , dos olhos negros tão determinados

Que minha vida fez iluminar

Emociona-me tua singelez em estar

E estás no meu coração mesmo sem te alcançar

Olha o vento em oração , Logun a revenciar

Balançou o bambuzal

Maria Bethânia dos Orixás!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Amoroso



Amoroso





Divina glória dos meus pensares

em grandeza total de espírito

vejo-te lá e cá, em todos os lugares

Num Impregnar d'alma, és um mito



Senhor seguirei-te por onde andares

Tu tens tudo, todos os quesitos

odor exótico de quasares

Banhar-me de ti é prazer, um rito



Se não me tocas o corpo faz motim

Poeta de versos amorosos

Olhar celeste sobre o cetim



De minha camisola organsim

urdidura, enredo proveitoso

Do amor e desejo que há em mim!



domingo, 20 de fevereiro de 2011

Haikais- chuva


chove e tem sol

primavera e odor

dias sem igual





chove lá fora

Gotinhas de prazer

Néctar, torpor





aroma exótico

Terra molhada, nua

renasce a flor

DEV(ORAÇÃO)



Dev(oração)





Velai por minha formosura

Candor em rosa rubra

Singelez de túnica alfaia,pura

olhos meus que te cubra



Pensai amado, lumem me atiras

revelando o segredo das anáguas

dos laços e das fitas e em giras

sobejam adejos e vão-se as águas



Crente na virginal carne morena

em préludios de foles e baforadas

sussurras ao pé de ouvido, cantilenas



Plenas em vigor , arrepiar de melenas

de súbito és rei ante a cena consagrada

olvido-me de quem sou e das novenas!







Ornada de flores astrais e ternura

desalinhando o horizonte

vão teus olhos até minha cintura

tens sede, vens beber da fonte



devorada pelo olhar e pelas juras

abro as portas do éden e os montes

expondo-me e com tremura

entrego-me até que a estrela desponte



perseguida pelos olhos exaustos

querendo reacender a éterea chama

firmamento de corpo inexausto



Resplandecem almas e num hausto

o querer deseja e reclama

Outra vez eu grito: Vem Fausto!









Cena



Papel voando ao vento

perdido nas ruas da

cidade de trânsito caótico.



Diz-me algo, como se a

alma saltasse na primeira

esquina e ficasse ao léu.



Nada importa,

tudo é inutilidade

futilidade





Onde termina e começa

a tal saga?





Para o observante

inspiração

para os cegos de

coração, um nada



Falha-me a memória

sigo o papel se debatendo

entre veículos e sarjetas



e na banalidade da cena

conformo-me com o destino

incertezas fazem parte

Ajeito a bunda no assento



o amanhã pode chegar

com rumo certo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

LITERATURA



Oh débil ideia desnudar a poesia

Intelecto à cata de sílabas

Na tônica efervescente do dia

Pensa: o mar também liba!



Libidinosos e pueris em alegria

Versos que pari com jiba

São Tomé: _ é vero me diria

Tens o dom mas de escriba!



Por certo que os versos são mancos

aleijadas por natureza destra

Maestria nem pensar, solavancos



São palavras de uma balestra

Em festa por criar e não estanco

Mas a literatura vêm-me em sestra!

Desfiando o tempo

 
Agora que tão exposta, nudez e olor

aguardo uma resposta(sim) do além mar

possuir-te nas águas e ondas sem pudor

fervor celeste de céu a nos instigar



Em Médeia poderia provocar pavor

Fria não o sou, por malvada não vou passar

Se no peito há tão somente único amor

bordado de estrelas, o teu eterno lar



Afrofite-proposta sensualidade

julgo inda converter-me na bela Helena

Guardei para ti lux, minha mocidade



Te encontrarei nas linhas da verdade

Voando aturdida, uma triste falena

De penas o viver é fado e maldade!

Bazófias



Bazófias






Minhas póstumas escrituras

Lavras utópicas de bel prazer

Feelings em partituras

Muito tenho pra dizer



Minha lápide ambrosia pura

coberta por rubra rosa adscrever

meu romanesco viver em lisuras

qual cereja madura para sorver



Antes porém, vou destrambelhar

desfilar nua pelo passaredo

enterrar todos os meus medos



Em meio ao alvoroço vou gritar

Recitarei as prosas, meus segredos

Morrerei na poesia num dia azedo!



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E de tanta arruça, pé quebrado

Farei folguedos com papéis

Culpa exclusiva dos menestréis

que trouxeram a lira do passado



Sonetos remendados, mal cozidos

em caldeirão de sensualidade

onde figuram calcinhas e a idade

da mente in (descente), empertigo



Jogarei as sílabas ao céu de arlequim

Sem contar uma sequer, é o fim

Bandeira negra, pintura a nanquim



E ainda perguntas qual o manequim?

Mortalha não tem número e enfim

um ataúde cheirando a jasmim!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

AMOR(FO)


AMOR(FO)



Pensei que sobreviveria

num átimo de tempo que julguei

eternidade, canônica prece

Indaguei aos confins

aos ventos

resposta em lamentos



Pensei que o infinito

seria colorido

portais do paraíso

tolices!

A negridão concisa

abriu-me as portas



E de tanto pensar

descobri que o desamor

é uma vala

é alegria que cala

é morte anunciada



c

a

í



nos labirintos da realidade

e surda

não vi nova aurora!





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