terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Quem se importa?



Quem se importa?



Importa se alguém lê?

Não faço referências, crio apenas.

Os versos podem vir lá do Belenzinho,

Do Bixiga, do Brás, da Praça da Sé,

Enfim dessa São Paulo que não

Tem fim e que abraça os imigrantes sem

Nenhuma restrição e cresce, cresce...

Sou mais um em meio à multidão,

Vendendo poemas sem título,

Bem melhor que vender títulos de capitalização.

Daí vem um panaca com cara de quem está

Cozido pela cachaça diária pregando o um

Dicionário de palavras inexatas... Ouço e

Até concordo com ele, apesar de não ter

Entendido nada do que diz.

Após a declamação de seu novo poema brada

Aos quatro ventos: _ Sou...sou...sou...

Sou merda nenhuma!... Concordo de novo!

Só então percebo que um pombo defecou

Em sua cabeça no instante exato da criação,

Nasce um novo autor e nem sei de que raça é...

Volto para minha maloca, paulista de boa

Fé, tomo um café e volto a escrever, ao som

De Demônios da Garoa.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tô fora!


Tô fora!




Não tenho dúvidas, pari um poema

Em meio aos mendigos oprimidos,

Com a assistência das putas da

Rua Aimorés. Foram os versos

Mais rápidos da história, pois

Em desabalada carreira, pegaram

um trem na Luz , desceram na Barra

Funda e tomaram outro destino.

Palavras ignoradas como aquelas

Proferidas pelos falsos pastores,

Que vão de vagão em vagão à

Cata de fiéis, sei lá...Também

Nem me interessa. Cada um

Tem suas convicções.



O que sei é que o poema foi-se

E nem um adeus acenou.

Meio que de chofre, vislumbrei

Adoniran e ele me disse:

_ Tá louca? Romantismo e lágrimas

Nessa altura do campeonato?

Tô fora!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Mambo já era bom é o xote!


Mambo já era bom é o xote!



Fino cetim, pele cor do jambo.

Açaí nos lábios, pintura acesa

Na vitrola um disco de mambo

Trejeitos de faceira, princesa



Revira os olhinhos, pisca-pisca

Alerta: Há dois pontinhos eretos

Debaixo da blusa, são as iscas...

E ficas parado, babado, quieto!



Bem sei que a moça tem dotes,

Reforces no manifesto e vá à luta

Se necessário, faça até um fricote



Não deixe a página em branco, risote...

Prega-lhe um trote, prova da fruta

O primeiro passo é mostrar-lhe o xote!

Fique comigo!


Stand by me




O meu sorriso que já foi primavera

Na quimera daquele alvorecer

Sou rosa branca e fiquei à espera

Que o orvalho me fizesse florescer



Desalento, perdida tal o vento

Sucumbi amiúde, reles flor

Sem encanto, a dor enfrento

Não sou musa daquele trovador!



Nudez, minha alma tão alva, pura

Cristalino sentimento, mágoa

Fausto tu poderias ter lisura



Num tempo onde tempo é agrura

Pausadamente o pranto deságua

Stand by me... Amanhecer desventura!

........................................................................

Stand by me



My smile was already spring

At the dawn of that chimera

I'm white rose and I was waiting

The dew made me bloom



Dismay, lost as the wind

Often succumbed, relays flower

Without charm, face pain

I'm not a muse that troubadour!



Nudity, my soul so white, pure

Crystal feeling hurt

Fausto You could have smoothness



In a time where time is acrimony

Slowly flows into the weeping

Stand by me ... Dawn misfortune!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Não provoca... (chutando o pau da barraca)


Não provoca....




Não se aproxime com versos mixurucas,

Para poeta falta-te a inspiração, a cachaça

E quando por mim passas, meio lelé da cuca

Dou meia volta pois meu corpo te rechaça.



Falando assim, o povo até acha graça.

Com este fogo apagado, vejo a arapuca

Armas o golpe, silencioso feito traça

Porém és sonso, estou de butuca



Vacinada contra tipinhos e trapaças

Não termino o soneto, o lápis me cutuca...

Apontando para tua foto, que ameaça!



A métrica e o lirismo escaparam pela vidraça

E tu me rondas, ziguezagueando como mutuca.

Te liga Mané, some ou acabo com tua raça!