segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

São as águas de março fechando o verão (Elis Regina)

São as águas de março fechando o verão (Elis Regina)



Diga-me quantos foram os mortos?

Aponta-me com sua destra mão

Quem foi o arauto que ouviu e viu

Os corpos abatidos, as partículas

Humanas espalhadas pelo chão.

Humanas?...Quem são os mortos e

Feridos, bandidos ou inocentes?



Diga-me quantos debandaram

Pelas matas como animais ferozes,

Dispostos a matar e morrer?





E o poeta abandona o lirismo,

Já não escuta o canto da cotovia,

A realidade abrupta de nossos tempos

Infesta seus cabelos, como piolhos

Distribuindo as lêndeas, mais e mais

Virão até a desinfecção total.



E as lendas continuarão a serem fabricadas,

Em cada tanque que avançar novos heróis

Anônimos deixarão o sangue na calçada

Da fama.

Segue o rio e quiçá as águas de março venham para

Retirar pau e pedra do fim do caminho.

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Somente penso nos inocentes...



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