No rosto marcado, rugas de sabedoria Não mudam as digitais, marcas e sinais Labuta e lamento, termino sem alegria O que me restou? Pobre aposentadoria. (Tânia Camargo)
Não mudam o que foste nem o que deste Em generosa dádiva ao teu País Agora que tanto precisas, esquecem-te Como se não tivesses memória e raiz! (Vóny Ferreira)
Aqueles que aguentam fazem um extra Vendem quinquilharias nas esquinas Recolhem descartáveis, as latinhas... Faz-se de tudo, de tudo se engendra. (Tânia Camargo)
Ah, espírito infame, abominável cobardia Daqueles que te tratam agora como lixo Esquecem-se que foste jovem um dia Zombando da idade e do teu esforço (Vóny Ferreira)
Outro já não tem a mesma sorte Impossibilitados de qualquer ato Esperam somente a santa morte Salvação, melhor será do outro lado? (Tânia Camargo)
Um outro senta-se no banco do jardim Arranhando a solidão com o olhar Vendo apático a indiferença passar Olha-me triste e fica dentro de mim! (Vóny Ferreira)
Eu? Vou vivendo sem retroceder no tempo Choro sozinho, quando acendo o fogão Falta tudo, arroz, feijão, alimento E o remédio, não consigo pagar não! (Tânia Camargo)
Miséria, desprezo, agonia, desatenção É o preço que têm por serem idosos Nem as lágrimas que choram lhes aquece a mão Que o frio enregela como punhais transparentes! (Vóny Ferreira)
Se pago o aluguel não dá para comer Se comer não vou ter como morar O governo promete o medicamento Vou buscar, aí é a dor, o sofrimento (Tânia Camargo)
Ah, País, não sentes essa vil vergonha? Não sejas como a avestruz, que mete a cabeça na areia. Trata os teus velhos com dignidade Trata os teus velhos como merecem! (Vóny Ferreira)
Dói ouvir negativas, pedir ajuda, é tosco Já fui e fiz tanto nessa vida... Agora pergunta deixei de pagar imposto Desgosto, as rugas? São de Deus, dádivas de uma vida ! (Tânia Camargo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário