quarta-feira, 29 de julho de 2009

O poeta e a estrela


O POETA E A ESTRELA


Em uma noite vagando só pelas calçadas, chorei.
Um pranto que a chuva fina escondia.
Caminhava sem direção, fitando praças, viadutos, automóveis, prédios, casas, antenas de TV, ruas coloridas por placas luminosas...
Odores diversos, suaves primaveras, tulipas, margaridas, capim molhado misturando ao cheiro do lixo, restos, detritos.
Trágica figura, um fantasma a perambular em busca de guarida...
Coração apertado, um nó que a gravata insistia em querer desmanchar.
Até quando iria rumar sem ideais? Permitir que o sofrimento tomasse conta do meu ser?
Abri os braços e de repente senti que tinhas asas, levitei pôr um tempo e de cima pude resgatar algumas lembranças: a vida boêmia, ébrio todos os dias, sócio de cada bar, mulheres fúteis, vida inútil.
A chuva cessou e uma luz mostrou que havia novos caminhos, outras estradas.
Um anjo azul exalando sândalo surgiu oferecendo-me as mãos.
Em seus olhos havia estrelas, sorriso sereno, imagem da determinação.
Depois desse encontro não sou mais um tijolo, um espinho; sou alicerce, aroma de flores. Um mortal consciente, um poeta que dedica versos singelos para uma deusa que rompe todos os dias, á minha mãe, Estrela Guia.

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