quarta-feira, 29 de julho de 2009

Escrevi um livro numa tarde em...

ESCREVI UM LIVRO NUMA TARDE EM SÃO PAULO
Ruas em desvios são idéias, cruza-se o pensamento
Nas esquinas e o céu abstrato de azul poluição pinta
O concreto. Passam pássaros metálicos, a fumaça
Emerge e me impede de respirar.
Fábricas a produzirem sentimentos, o salário e tão
Mínimo, não dá para o pão.
Num senão, um homem surge com um cartaz:
_Pare que quero descer!
Na parafernália do dia as mulheres lavam as panelas
Vazias. São todas Marias, abençoadas, apinhadas de
Filhos na barra das saias.
Ouço vaias, há um comício...Um político dá show
Manchado de ovos e verduras podres.
O povo grita:
_Saia! Saia!
E nas sete saias da cigana parada perto da estação
Ferroviária os camelôs escondem as muambas dos
fiscais de uniformes plúmbeos...E os pombos a
esperar a pipoca que cai das mãos de um mendigo.
E eu poeta vagabundo tento abraçar o mundo quando
Um motorista embriagado que escapou do bafômetro,
Deixa-me abobado. Gira o mundo nos meus olhos, vejo
Estrelas consternadas (elas não dizem nada) apenas
Observam e anotam na caderneta:
Homem atropelado!
Chega a ambulância do SUS, horas depois e encontra-me
De livro pronto. Levei dezenas de pontos, não acertei a
Mega Sena, porém escrevi tudo o que estava engasgado!

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